São Sebastião do Caí, Rio Grande do Sul, Brazil

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Hin Un Hea - Di Fallangre - Tradução

As Saudades - Tradução

Quem ao menos não teve uma vez na vida saudades? Saudades de seus pais, de seus filhos, de seus amigos, de seu lar, de suas coisas, de suas férias , de seus negócios e, principalmente de sua amada?
Quando eu era pequeno, posso me lembrar de três situações onde as saudades me marcaram.
A primeira vez aconteceu quando eu tinha em torno de quatro anos, então nós viajamos para o Morro da Manteiga a passeio com minha vó e a mãe ficou em casa.
Chegamos lá no entardecer e no momento tudo estava bem. Mas, quando então escureceu, os parentes não tinham luz elétrica naquele tempo e isto nos soou muito estranho.
Naquela escuridão, só tinha um lampião a querosene na parede e o ardor vermelho que levantava do fogão com seu calor, eu sentava no colo da vó e observava as imagens sinistras das silhuetas em forma de sombras das pessoas na parede.
As figuras pareciam terríveis. Então a mãe começou a me faltar. E e comecei a chorar. Era a primeira vez em que eu sentia saudades. E isto me marcou tanto, que até hoje consigo montar no cérebro todo aquele acontecimento com todos os detalhes.
A segunda vez aconteceu também quando fui passear com minha vó na cidade (Porto Alegre) sem a minha mãe. Ficaríamos uma semana lá. Eu tinha seis anos de idade.
Era fascinante. Eu nunca estivera na cidade e minha tia morava no terceiro andar. A construção era na esquina de ruas com muito movimento.
Duas quadras distante dali, passava uma linha de bondes com aqueles bondes amarelos repletos de vidros grandes. E, em cada cruzamento dos fios de energia, quando o bonde passava esfregando o seu gancho, dava faíscas em todas as direções.
Mais fascinante era olhar aquilo. Eu consumi horas admirando este espetáculo. Também era interessante observar o fluxo dos veículos, e à noite a estrada se transformava num cordão luminoso colorido que se extendia até aonde a vista alcançava.
Todas estas luzes estão até hoje em meu pensamento.
Mas, depois do quarto dia, nada mais era novidade, então as saudades começaram a me corroer. E, como sempre, durante a noite.
Então eu chorava baixinho, e a cada barulho que vinha da estrada eu soluçava alto.
Mas, as maiores saudades eu passei no primeiro mês em que fui interno do colégio de Salvador do Sul. Isto me marcou tanto, que a imagem dos momentos daquelas noites ainda estão presentes em meus pensamentos.
Vejam só: um guri com doze anos, devagar indo para a puberdade, no meio de duzentas pessoas desconhecidas, um mês longe da mãe, no dia do aniversário e ninguém se lembrou ou manifestou a respeito? Isto foi forte! Eu chorei durante várias noites como um bebê de tantas saudades da mãe, de casa, de meu lar.
Ter saudades é um sentimento bom, que cada um deve ter para reforçar a sua alma. As saudades mexem com nossos sentimentos internos. A saudade amarra nossa consciência familiar, firme entre todos como se fôssemos irmãos, o que faz sempre nos preocuparmos pelas pessoas de nossas relações.
As saudades nos levam de volta para casa, para o nosso início. Não vamos para a frente sem olharmos para nossas raízes. Cada um que a nós pertence ou a quem nós pertencemos, tem algo importante a dizer no andar da vida. E a corrente desta amarração é a saudade.
Não só a escrita portuguesa tem uma palavra especial para fazer o sentido exato do qe signfica "saudade". Nós, alemães Hunsricker podemos nos sentir orgulhosos com o significado exato do sentimento: "fallangre".
E não existe construção mais linda do que esta. Senão, vejamos: fallangre vem da palavra: comprido. Algo que é mais comprido do que lang, é langre - encompridar. E, fazer do encompridamento a maior distância, é fallangre.
Então, fallangre é extender a distância ao máximo. ...Que tão profunda é nossa palavra!

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